25 anos, fim de semestre e Buffy
Como a caça-vampiros dos anos 90 mudou o meu aniversário
Sempre amei comemorar meu aniversário e contava os dias para (como meu pai diz) “o dia 24 mais importante do ano". Adorava planejar minhas pequenas festas e ganhar presentes. Porém, esse ano, além de tristeza e um sentimento de derrota frente às expectativas completamente irrealistas que tinha para os meus 25 anos, o frio intenso do Rio Grande do Sul e o cansaço do fim do meu primeiro semestre do mestrado fizeram com que eu simplesmente não quisesse comemorar.
Em meio a essa tristeza pré-aniversário, me lembrei de que já fazia um tempo que queria assistir novamente à série Buffy: A Caça-Vampiros. Necessitando de uma dopamina fácil (mas ainda com um toque de terror), decidi finalmente apertar play poucas semanas antes do meu aniversário. O que eu não esperava era me encontrar completamente absorvida pela pequena cidade de Sunnydale, onde uma boca do inferno se encontra.
A série extremamente para frente do Joss Whedon me traumatizou quando criança em um dos seus primeiros episódios. Uma Louva-Deus gigante (um demônio, acho) copula com alguns adolescentes e os mata depois. Então, parei na primeira temporada e não terminei essa história viciante.
Mas mesmo assim, eu sempre me vi na Buffy: uma menina feminina, loira, com personalidade forte e que luta pelas suas opiniões. Características muito raras nas histórias da época em que era criança. Todas as heroínas eram morenas, o que me fez querer pintar meu cabelo por muitos anos. E sempre senti falta dessa força na personalidade das personagens, já que a maioria só concordava com os outros à sua volta. Não vai surpreender ninguém que me conhece, mas eu nunca fui essa menina.
Descobri que a Buffy foi muito mais que uma forma de identificação e uma porta de entrada para muitas meninas virarem fãs de terror. A Slayer quebrou com a ideia de que as mulheres no terror só poderiam ser as vítimas (quem morre) ou as final girls. As personagens poderiam ser as protagonistas sem precisar perpetuar um ideal machista de pureza (sem drogas, sem namorado… etc etc.) para poderem sobreviver — e matar — os monstros.
Giles — Você tem um plano?
Buffy — Eu sou o plano.
Uma das poucas séries de terror que leva a sério problemas femininos e de adolescentes, poucos dão o devido valor a essa história e como ela contribuiu para o gênero. Muito se dá ao fato de que ela tem um público-alvo mais feminino, e isso, para muitos, infelizmente, ainda diminui o valor da narrativa. O impacto cultural da Buffy transbordou para fora do mundo nichado dos amantes de séries de terror. A série foi considerada o objeto de cultura pop mais pesquisado por acadêmicos no mundo todo — tendo um site para fãs e outros pesquisadores poderem achá-los com mais facilidade.
Descobri força na Buffy e nos pequenos prazeres de assistir uma série para se divertir e relaxar. Quando se trabalha na área em que mais amamos, parece que estamos sempre trabalhando. Estou sempre atrás da nova estreia para analisar e entender o que a indústria está procurando. E esqueço que me apaixonei por esse ramo por que era, antes de mais nada, divertido.
A Buffy me trouxe nostalgia de algo que não vivi. E me aliviou em momentos pesados, me conectando com amigos que moram longe e que também são fãs da série. Espero que eu consiga me sentir cada dia mais como a Buffy Summers: animada, forte, que não tem medo de ser quem é e que gosta de comemorar os seus aniversários.
🦇Indicação da Ana🦇
Não poderia ser diferente: assistam Buffy: A Caça-Vampiros! Tem terror, tem romance e amizade, roupas maravilhosamente anos 90 e efeitos especiais questionáveis. É uma ótima maneira de se divertir e ainda estar dentro do mundo do terror. Faço uma análise mais profunda no meu canal no YouTube — assista aqui!
perfeito! amo tanto buffy, assisti acho que ano passado e já tô com vontade de assistir de novo. uma personagem muito forte, sem esteriótipos de “fraquezas femininas” que me irrita tanto em algumas protagonistas. amo o estilo dela também hehe